13 setembro 2012

Portugalinho



Enganem-se os que se queixam da falta de sorte, das bolas ao poste, enganem-se os que confundem passes laterais com domínio avassalador sobre o adversário...  a verdade é que esta selecção nacional está a jogar pouco para aquilo que pode e deve. Porquê estamos a jogar assim? Vejo a responsabilidade em três rostos: Raul Meireles, Nani e, pois está claro, Paulo Bento.


Para quando uma selecção capaz de
explorar o potencial de
 Cristiano Ronaldo?
Devo salientar que tenho em muita boa conta todo o potencial futebolístico do jogador nacional. Inclusive, acredito que o melhor jogador da actualidade, é português, de seu nome Cristiano Ronaldo, por mais discussão que este tema possa surtir. Sendo assim, é natural que seja muito exigente no que toca ao futebol praticado pela nossa selecção nacional.

Esta dupla jornada, deu para confirmar duas coisas que já me tinham ficado na mente no último europeu:

  1. Falta alguém mais criativo no nosso meio-campo, para a posição de um dos dois médios de transição que jogam na equipa, Moutinho ou Meireles.
  2. Um dos extremos tem de ser mais criativo e que possa jogar mais para os outros dois avançados que jogam na equipa. Neste particular, denoto que a produção nestas funções do Nani tem muito a desejar, e não é à toa que tenha perdido a titularidade em Manchester.
  3. Estas mudanças, reflectem também uma mudança, melhor, uma maior versatilidade no estilo de jogo. A intenção é termos um jogo mais dominador, sabendo jogar com mais posse de bola e as vicissitudes que resultam desse tipo de jogo. Mas, espreitando sempre as transacções rápidas, a.k.a., os contra-ataques.
Não falta um médio mais criativo a meio-campo?
Rúben Micael, talvez o único médio
ofensivo "10" no banco nacional,
 que poderia ter sido titular nesta
 dupla jornada e que tem estado
 em foco neste início de temporada.
No meio-campo, Miguel Veloso, até tem jogado bem, embora penso que poderá dar um pouco mais se tiver à sua frente outro tipo de jogadores, que lhe permitam subir um pouco mais ou utilizar outro tipo de recursos técnicos. Por seu turno, João Moutinho, é uma pequena formiga naquele meio-campo e com o seu enorme pulmão e mobilidade, acaba por ser actualmente o elemento que mais intensidade aplica no meio-campo nacional. Sobra-nos Raul Meireles. Outrora um "8" e algumas vezes um "6", tem-lhe sido reconhecido algumas capacidades de "10", nesta sua passagem por terras de sua majestade. Talvez por isso, parte do jogo criativo nacional esteja a passar pelos seus pés.

Ora, durante o europeu, com um grupo de "morte", e logo de seguida jogos que eram autênticas finais, até fazia sentido, reforçar o meio-campo com um elemento, digamos polivalente, como o Raul Meireles, pois a equipa jogaria em contra-ataque, não necessitando de um criativo "10" mais tradicional. Acontece, que o europeu já lá vai, e o tipo de adversários que vamos encontrar nesta qualificação são regra geral inferiores a Portugal. Sendo assim, acho que faria muito mais sentido um médio criativo na sua verdadeira assumpção. E temos! É verdade que Carlos Martins está lesionado, e o Danny vem de uma lesão prolongada, mas temos um Ruben Micael em grande forma, um Hugo Viana a carregar piano na cidade dos arcebispos e até mesmo um Manuel Fernandes em terras turcas. E isto para não falar no reposicionamento de Nani em campo, como um "10" atrás do ponta-de-lança...

Varela a titular?
Será o passar de testemunho do Nani
para o Varela, ou os dois podem
coabitar no mesmo onze nacional?
Por falar em Nani, tem sido um ano para esquecer para o português. Reconheço-lhe imenso talento, mas também reconheço-lhe uma enorme falta de aproveitamento do mesmo. Portugal, como já tinha referido no ponto 2 acima, precisa que um dos extremos seja um criativo, que provoque desequilíbrios defensivos no adversário, que seja um assistente para os restantes colegas que compõem o trio da frente. Mas, também precisa que esse extremo seja o elo de ligação entre o meio-campo e o ataque. Nani, não tem sido esse jogador, e só mesmo a espaços lá vemos uns fogachos do seu talento. Não é à toa que nestes dois jogos, quando um jogador como o Varela, que tem as características que referi, mexe no jogo como mexeu nestes dois encontros. Aliás, Varela é a meu ver, neste momento, o titular na posição do Nani. E, só não o é de facto, por causa do estatuto de um e de outro no grupo.

Já agora, penso que mais jogadores nacionais, poderiam ser bem enquadrados naquela função do Nani, tais como, Pizzi, que está a fazer um grande começo de época no Deportivo da Corunha, Hélder Barbosa, porque é um canhoto que gosta de jogar sobre a ala direita e que poderá dar outro tipo de movimentos ao triângulo da frente.

Para quando um Portugal que saiba jogar frente a equipas fechadas?
Para quando uma exibição convincente
da selecção nacional, Paulo Bento?
No entanto, quem os põe a jogar é Paulo Bento. Porque o faz? Eu penso que se prende com o tentar manter a mesma estrutura, rotinas e grupo do europeu de 2012. No entanto, tendo-nos calhado logo nesta primeira dupla jornada, estas duas equipas mais frágeis, mais a boa forma de jogadores como o Rúben Micael, o Varela e até mesmo o Pizzi, e o possível reposicionamento de Nani como um "10" atrás do avançado, com o intuito de trazer-lo mais para o jogo, poderiam ter sido razões mais do que suficientes para o Paulo Bento ter arriscado logo de início em estruturas novas. Estruturas que permitissem a Portugal jogar um futebol mais apoiado e dominante.

Verdade seja dita, que ele ainda experimentou durante alguns minutos em ambos os jogos o aparecimento de Nani como "10". Contudo, a dinâmica do jogo há muito já estava alterada, dado também a parte mental dos jogadores, que frente ao Luxemburgo e ao Azerbeijão, pelo minuto 60 já começavam a ver as coisas mal paradas, pelo que uma avaliação coerente dessa situação de jogo carece de mais observações.

Notar que não se pede aqui alterações de fundo a nível táctico. Pede-se sim, para colocar os jogadores certos nas posições certas, e pode-se pedir um plano B, que poderá passar do tradicional 4-3-3 para um 4-2-3-1.
Postiga tem sido dos
melhores jogadores da
selecção nacional.




PS: Apesar de não gostar de algumas coisas nesta selecção existem pelo menos três jogadores que me têm encantado: Pepe, João Pereira e Hélder Postiga (quem diria). Pepe é talvez o melhor central do mundo neste momento. É completamente imperial lá atrás. João Pereira está numa forma excelente. Basicamente é ele o nosso extremo direito, pois Nani tem a tendência para ir para o centro. Mas, de todos eles, é o Hélder Postiga quem está a surpreender pela positiva com todo o seu trabalho de pressão, recuo e porque não dizê-lo, golos.

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