25 novembro 2012

Poderíamos ser primeiros...



Comecei por escrever este artigo pouco tempo depois de ter terminado o jogo frente ao Olhanense. Contudo, sentia que a escrita estava a ser demasiada dura, muito por culpa da frustração de um resultado que é escasso para aquilo que valemos e para o objectivo que temos em mente. Decidi por isso, voltar a debruçar-me mais tarde sobre ele. Fi-lo hoje... No final, tive mesmo que fazer umas correcções...


Ganhámos! É verdade! Mas...
Frente a um Olhanense visivelmente debilitado, tínhamos a obrigação de fazer mais e melhor. Temos de ver que o Benfica só irá jogar no próximo dia 5 de Dezembro, frente ao colosso Barcelona, em Camp Nou. É verdade que supostamente no próximo fim-de-semana, tem mais uma eliminatória para a Taça de Portugal. Contudo, ainda não sabe qual será o seu adversário e por isso o mais provável é jogar-se noutra data. Ora, neste contexto, e apesar das condições atmosféricas adversas, penso que a nossa exibição foi apenas q.b. "Quanto baste" nunca poderá ser aceitável nestas condições!

Cardozo e Luisão foram os marcadores de serviço ontem à noite.
Contudo, soube a pouco para quem mais do que um banho de água devido
ao dilúvio lisboeta, pretendia sair da Luz com uma chuva de golos!

Estamos em primeiro (segundo) lugar no campeonato, mas à condição (em ex aequo com o primeiro)!
Salvio foi uma sombra do que sabe e
deve fazer dentro de campo.
Basta o Porto hoje vencer o Braga por dois golos de diferença para voltar ao primeiro lugar (e não é que venceu?!). Ontem poderíamos e deveríamos ter tido mais "fome" de golo. Maior vontade de marcar. Maior concentração e mais trabalho dentro de campo. Escondemos-nos no nosso maior talento e qualidade individual, que nos garantiu uma exibição satisfatória, mas viu-se claramente que não demos o nosso melhor. Eu estava à espera de mais... de muito mais de alguns jogadores.

Melgarejo esteve muito desinspirado
e algo fatigado neste encontro.
Não gostei do ritmo "country club" que Salvio Melgarejo me presentearam durante toda a primeira parte. Estavam algo cansados do jogo de terça-feira? Então que pedissem para ceder os seus lugares a outros colegas. Estou convicto que Nico Gaitán e Luisinho estariam mais que prontos para jogarem! Ah! E já agora, para quê tanta cerimónia para marcar um golo Salvio?! (Verdade seja dita que ambos estiveram mais activos na segunda parte, mas mesmo assim ficaram aquém das expectativas!)

Mais um golo de Cardozo para o campeonato, mas
mais um de penalti. Mesmo assim há quem esteja
a marcar mais golos num jogo e na liga. Quando é
que o Tacuára vai assumir a candidatura a maior
goleador da liga e vai esforçar-se de acordo?
Para quando um "hat-trick", Tacuára?
Cardozo foi outro que me deixou triste ontem à noite... frente a um modesto Olhanense, encolheu-se quase sempre nos lances de bola área. Mas que raio?! Será que ele quer mesmo ser o maior goleador do campeonato nacional? Será que ele não quererá escrever história no Benfica sendo um dos goleadores com maior média de golos por jogo? O que mais frustração trás para um Benfiquista, é que claramente vê-se que se estivesse mais concentrado conseguiria atingir esse patamar! Ontem, poderia ter feito no mínimo três golos. Depois, há outra reclamação para com o Tacuára. Porque raio é que passa o tempo todo na "mama"? Ele e a equipa precisa que ele venha mais atrás e ajude no processo de construção de jogo da equipa. Os nossos médios precisam de referências e linhas de passe para o servir, é óbvio que se ele estiver "colado" a um central adversário isso não surgirá. Também é óbvio perceber que os alas, porque nem sempre conseguem ganhar a linha no um-contra-um, precisam do Cardozo para tabelar num movimento 2-1. Por outro lado, conhecendo o gosto do Rodrigo em utilizar a sua velocidade para fazer diagonais que cortam a defesa adversária, se Cardozo descer uns 5 a 10 metros para entre-linhas, cria um espaço nas costas dos defesas ao arrastar o central que lhe está a marcar. Espaço esse que o jovem hispano-brasileiro poderia aproveitar mais. Mas, não! Quis armar-se em "homem-estátua". Valeu pelo golo de penalti .. No entanto, é mais um da marca dos 9 metros, algo que irá alimentar o tom dos críticos destrutivos.

Rodrigo  tem de deixar de jogar para si e
jogar mais para a equipa.
Quanto a Rodrigo, eu penso que o Jesus já foi algo claro ao dizer o que pretendia dele em campo. Contudo, continua a jogar para si próprio como se fosse o único jogador lá na frente. Isto não pode acontecer e é preciso levar com valentes puxões de orelha. Eu aposto que se ontem ele tivesse jogado de forma mais simples, ou seja, com um ou dois toques, sempre à procura da linha de passe, do espaço e de trocar a bola com os seus colegas, teria culminado a sua exibição com assistências e muito provavelmente com golos. No final, iria sentir-se mais confiante com ele próprio, com os colegas e com o público. Porque é que complicas tanto Rodrigo?

Bem, mas não são só "puxões de orelha" que este artigo se insere. Ontem também houve espaço para muitos elogios. Destaco em primeiro lugar, para os regressados MaxiLuisão Carlos Martins.

Maxi a sofrer penalti na grande área
do Olhanense.
O primeiro, Maxi Pereira, nem parecia que esteve ausente por lesão durante uma semana e meia, tal era a mobilidade e a "soltura" com que jogou. Foi graças à sua movimentação que conseguimos marcar o primeiro golo. Vejam só onde o uruguaio estava quando lhe fizeram uma "gravata" derrubando-o? Pois é, na grande área adversária... e estamos a falar do nosso lateral direito!

Luisão, imperial nas alturas, marcou
o golo da tranquilidade encarnada.
O segundo, o capitão Luisão, regressa aos jogos da primeira liga e logo com um importante golo, que naquela altura acaba com qualquer aspiração do Olhanense em discutir o resultado final. É certo que o capitão do Benfica ainda apresenta algumas debilidades físicas (aquelas ligaduras sobre o joelho esquerdo não enganam a ninguém) e ainda um ou outro momento de desconcentração (alguns passes mal medidos e direccionados). No entanto, é importante ter estes minutos, sobretudo quando se avizinha o importante jogo europeu contra o Barcelona. Quanto mais jogadores estiverem em forma, melhor estaremos preparados.

Este regresso do Carlos Martins veio
mesmo a calhar. Grande jogo ontem!
Nesse contexto, também vi com bons olhos a exibição do internacional português, Carlos Martins. No início, quando olhei para a ficha de jogo e vi que seria titular, confesso que temi pelo pior, ou seja, mais nova lesão, mais duas semanas sem poder jogar, mais uns quantos jogos sem alternativa para o seu lugar que não fosse a aposta de jovens jogadores. Não é que a aposta nestes seja má, muito pelo contrário, mas ver um jogador como o português constantemente no departamento médico... já cansa! E que bom foi vê-lo jogar, não acham? A qualidade de construção de jogo é notória e quase sempre em um ou dois toques. Só de recordar aquele passe que corta por completo a defesa do Olhanense, que tem como destinatário a desmarcação de Melgarejo (e no qual este acaba por "borrar a pintura", com um "centro-rosca" para Cardozo não conseguir finalizar de forma simples) diz muito do tipo de jogo que ele fez enquanto esteve em campo.

Mas, não foram só estes três que deslumbraram. Ezequiel Garay e Nemanja Matic, continuam a encher a equipa. É impressionante o trabalho que eles fazem lá atrás.

Garay dá uma segurança
enorme à defesa.
O central argentino, Garay é de uma elegância suprema a jogar. Imperial nos lances aéreos, imperceptível nos cortes e autoritário nas compensações, está feito num líder do sector defensivo. Nas jogadas ofensivas, está cada vez mais concentrado e ontem acabou por proporcionar uma grande defesa ao guardião Bracalli. Lance esse que merecia o golo, digamos!

É impressionante, ver o trabalho
que o Matic faz no meio-campo. 
Já o sérvio, Matic é um autêntico "perna-longa" a limpar aquele meio-campo. Para além das "n" recuperações de bola, também ele constrói jogo como também tenta com movimentações em direcção da baliza adversária, tentar criar descompensações no adversário. Enorme jogo, sobretudo se tivermos em consideração que esteve quase para não ser utilizado hoje. Já agora, alguém se lembra do Javi Garcia?

Espero que esta vitória e esta exibição sirva de reflexão para a equipa no seu todo, em particular, para alguns dos visados aqui mencionados. A lição a retirar é a seguinte:
Vitórias "q.b." não levam ao primeiro lugar!

É por acreditar nesta equipa que sou exigente com eles e por isso o tom
crítico deste texto. Era bom que eles reflectissem que com mais acerto,
e mais empenho, poderiam estar em primeiro lugar do campeonato e sem
deixar qualquer margem para dúvidas... Não se pode jogar para o "q.b.".

PS: Quando é que o Benfica irá ter uma atitude mais competitiva e de querer mais e melhor durante os jogos? Hoje vi um pouco do Barcelona contra o Levante e verifiquei uma sede enorme não só de vencer o jogo, mas sobretudo de convencer e não restar qualquer dúvidas sobre quem é superior em campo. Confesso que era aquilo que eu pretendia ter visto ontem na Luz...

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