10 fevereiro 2013

Manter o foco e o controlo


Ao longo das últimas semanas, tem-se sentido um aumento de factores potencialmente distractivos para a equipa encarnada. A intenção é clara: tentar desequilibrar e desestabilizar o Benfica. Por isso lembrei-me de partilhar dois contos que poderão ser úteis neste importante momento.

A importância do foco
Atirando com o arco, o iogue Raman era um verdadeiro mestre na arte do arco e flecha. Certa manhã, ele convidou seu discípulo mais querido para assistir a uma demonstração do seu talento. O discípulo já vira aquilo mais de 100 vezes, mas mesmo assim, obedeceu ao mestre. Foram para o bosque ao lado do mosteiro. Ao chegarem diante de um belo carvalho, Raman pegou uma das flores que trazia no colar, e colocou-a num dos ramos da árvore. Em seguida, abriu o alforje e retirou três objetos: um magnífico arco de madeira preciosa, uma flecha e um lenço branco, todo bordado em lilás. O iogue então se posicionou a uma distância de 100 passos da árvore, de frente para o alvo, e pediu ao discípulo que o vendasse com o lenço. O discípulo fez o que o mestre ordenara.
- Quantas vezes você já me viu praticar o nobre e antigo desporto do arco e flecha? - perguntou.
- Todos os dias. - respondeu o discípulo. - E sempre o vi acertar na rosa, a uma distância de 300 passos.
Com os olhos cobertos pelo lenço, o iogue Raman firmou os pés na terra, distendeu o arco com toda a sua energia - apontando na direção da rosa colocada num dos ramos do carvalho - e disparou. A flecha cortou o ar, provocando um silvo agudo, mas sem atingir a árvore, errando o alvo por uma distância constrangedora.
- Acertei? - disse Raman, retirando o lenço que cobria os olhos.
- O senhor errou, e por uma grande margem. - respondeu o discípulo. - Achei que ia me mostrar o poder do pensamento, e sua capacidade de fazer mágicas.
- Eu dei-lhe a lição mais importante sobre o poder do pensamento. - respondeu Raman. - Quando desejar uma coisa concentre-se apenas nela: ninguém jamais será capaz de atingir um alvo que não consegue ver.
Focarmos apenas na baliza dos
adversários é a melhor forma de se
conseguir atingir os objectivos.
A equipa do Benfica tem cada vez mais saber concentrar-se nos seus objectivos. Não pode distrair-se com "choradeiras" e vitimizações. Não pode perder de olho os seus objectivos para com aqueles lobos que vestem a pele de cordeiro. Estejam estes no banco do adversário ou numa redacção de um meio de comunicação social... ou até mesmo, em certos órgãos das organizações do futebol nacional.

Mesmo com tantos esquemas, com jogos de bastidores, com conspirações que tentem influenciar o que se passa dentro de campo, continua a ser deveras imprevisível o que acontece ali. Dentro das quatro linhas, só os mais focados, os mais talentosos, os que querem mais ganhar, conseguirão fazê-lo, por mais que tentem distrair-nos. O Benfica tem de estar preparado para este duro teste.


A busca do sábio
O abade Abraão soube que perto do mosteiro de Sceta havia um sábio. Foi procurá-lo e perguntou:
- Se hoje você encontrasse uma bela mulher em sua cama, conseguiria pensar que não era uma mulher?
- Não - respondeu o eremita -, mas conseguiria me controlar.
O abade continuou:
- E se descobrisse moedas de ouro no deserto, conseguiria ver este ouro como se fossem pedras?
- Não. Mas conseguiria me controlar para deixá-lo onde estava.
Insistiu Abraão:
- E se você fosse procurado por dois irmãos, um que o odeia, e outro que o ama, conseguiria achar que os dois são iguais?
Disse o ermitão:
- Mesmo sofrendo, eu trataria o que me ama da mesma maneira que o que me odeia.
Naquela noite, ao voltar para o mosteiro de Sceta, Abraão comentou com seus noviços:
- Vou lhes explicar o que é um sábio. É aquele que, ao invés de matar suas paixões, consegue controlá-las.
Saber controlar as emoções às más
arbitragens nos jogos, as chamadas
"proençadas", é fundamental.
Para além do foco, a equipa do Benfica tem de ser sábia a gerir e controlar os seus sentimentos ao longo do encontro desta noite e em todos os outros. Tem de saber reagir com muita sapiência às inúmeras tentativas de provocação das outras duas equipas em campo. Penso que se souberem canalizar a energia provocada pelas injustiças pontuais e generalizadas dentro de campo, na concentração do seu jogo e na sua dinâmica, poderá ser a forma mais elegante de dar uma chapada de luva branca a esses adversários. E, com isso, atingir os seus objectivos e demonstrar quem é que tem estofo de campeão. Notar que aqui não se trata apenas de "dar a  outra face". É preciso ser astuto nas situações e saber usar o próprio veneno dos adversários, se for necessário.



PS 1: Tomei conhecimento destes dois contos através da leitura numa das obras do conhecido escritor brasileiro Paulo Coelho.

PS 2: A nomeação de Pedro Proença, acaba por ir de encontro com os "chorões" do futebol nacional. Embora o árbitro internacional português tenha sido considerado o melhor árbitro do mundo, isto não pode ser pretexto para desprezar o seu passado recente com o Benfica. E, este acaba por ser uma faca de dois gumes, que dependendo do resultado, será sempre discutido.

Por um lado, a agressão a Pedro Proença, alegadamente por Benfiquistas, poderá toldar a sua avaliação nestes jogos em claro benefício dos adversários encarnados. Por outro lado, o facto de supostamente ser sócio encarnado, poderá levar aos adversários encarnados sentirem-se injustiçados com a sua presença em campo.

Aliás, a comunicação social ao dar notícia que o árbitro português viajou no mesmo avião que a comitiva encarnada, só está a lançar ainda mais achas para a fogueira. No entanto, aquando da sua nomeação comodamente esqueceram-se do seu passado com os adeptos encarnados... porque será?

2 comentários:

  1. Sérgio Azevedo10/02/13, 13:50

    Pior que noticiarem a viagem de Proença com a comitiva do Benfica é omitirem a presença no mesmo voo do presidente do Nacional. Isso sim é estranho. O que fazia o presidente do Nacional no continente e o que o fez ir no mesmo voo??? Hoje vai ser difícil. Muito difícil mesmo. Talvez mais do que foi o jogo em Braga

    ResponderEliminar
    Respostas
    1. Olá Sérgio Azevedo,

      Todos os jogos até ao final da época vão ser difíceis enquanto o Benfica não desarmar da liderança do campeonato.

      Já se percebeu bem quais as intenções dos jogos de bastidores e o incómodo que é para as demais estruturas futebolísticas nacionais ver o Benfica com reais hipóteses de ser o campeão nacional.

      Mete um asno todo este comportamento, quer sejam dos adversários, mas sobretudo daqueles que hipocritamente dizem-se imparciais, quando não o são.

      Mesmo assim, devemos só concentrarmos nos jogos dentro das quatro linhas. Aí sim é o nosso jogo. Aí sempre teremos as nossas vantagens.

      No final, e vitoriosos, podemos então apontar dedos e interrogar sobre determinadas coisas. Aliás devemos mesmo fazê-lo, para no mínimo fazer pensar a opinião pública...

      Eliminar