26 janeiro 2014

A semana em revista: 19 a 26 de Janeiro

DOMINGO
Benfica ganha o jogo, mas perde o campo...
... para este inverno rigoroso. Primeiro, foi em Novembro, quando recebeu o Olimpiacos e um autêntico dilúvio debateu-se sobre o Estádio da Luz. Em poucos minutos, e com um jogo muito disputado a meio-campo, o relvado de Benfica transformou-se num autêntico batatal. Ora isso levou a direcção tomar uma medida: substituir o relvado na paragem das festas agora em Dezembro. O problema é que São Pedro e os deuses do Inverno não estão para brincadeiras este ano e lançaram os senhores das neves para Lisboa. Destruiram por tanto um pouco do novo relvado, levando a direcção encarnada a encontrar soluções nos campos dos vizinhos. Solução essa que mereceu comentários hiperbolizados de mais uma autêntica "attention whore" dos tempos modernos: o presidente do Gil Vicente. Um problema de má comunicação que poderia facilmente ser resolvido com um telefonema entre quatro paredes e não através dos microfones de qualquer meio de comunicação social. Enfim, são as pessoas que temos no nosso futebol.

De qualquer maneira, o que me preocupa mais com este tipo de condições nos relvados portugueses, é por um lado o bom futebol - aquele que chama pessoas ao estádio - mas, por outro o ambiente perfeito para os jogadores contrairem lesões. Em termos de espectáculo, este tipo de cenários não permite um jogo tricotado. O jogo entre o Arouca e o Sporting nesse fim-de-semana, foi engraçado pois deu para ver que à medida que o campo piorava, o jogo mais indicado era o do futebol mais directo. Ou seja, as equipas teriam que abdicar de um médio e colocar mais um avançado. Algo que o Benfica já vem estando preparado, na medida que joga quase sempre com dois avançados. Logo, será que vamos adaptar-nos bem ao inverno? Até agora sim... E, já agora, gostava de saber como é que equipas como o Barcelona jogariam perante um cenário como aconteceu no jogo da Luz frente ao Olimpiacos? Seria interessante ver se eles alteravam o seu modelo de jogo face a força da natureza ou não... De qualquer maneira, e sem esquecer que o futebol é um desporto de inverno, Jorge Jesus terá obrigatoriamente fazer uma excelente gestão dos seus jogadores nos próximos tempos. Deverá evitar que certos jogadores entram em excesso de esforço e outros que fiquem sem ritmo competitivo, pois o inverno chegou e está para durar e ficar.


SEGUNDA-FEIRA
Ronaldo é "acessorized"...
... em pleno palácio de Belém. Já sabiamos que não prescinde dos seus brincos de diamantes, dos seus relógios de ouro e de outros "bling-bling" próprios da indomentária do jogador da bola moderno. Sabiamos também que iria ter um novo acessório a juntar a tantos outros que tem vindo a receber ao longo da sua carreira desportiva, mas este com outro elan: a cruz do grau de Grande Oficial da Ordem do Infante D. Henrique. Aliás, o prémio foi bem merecedor, diga-se... Contudo, a joia da coroa nesta segunda-feira foi a bela pérola da consultora para os assuntos do Desporto e Juventude da Presidência da República, a "menina" Carla Mouro. Claramente ofuscou a cerimónia, não só pela beleza natural da mulher lusitânia, mas através de um vestido elegante branco a constratar com a tonalidade do preto das vestes de muitos dos convidados. Até Ronaldo quis tirar uma fotografia com ela!

Por falar em Cristiano Ronaldo, realço o facto dele ter treinado nessa manhã antes da cerimónia protocular. É também nestes pormenores que se fazem os melhores do mundo. Se ele é um exemplo de brio e excelência profissional para todos nós, a sua imagem triunfante deve também ser cultivada pelos Portugueses. De certo, que se assim for, mais perto estaremos todos nós de encontrarmos pérolas como aquela que ele tem em casa e encontra no seu dia-a-dia. Ronaldo é pois um exemplo de sucesso para todos nós. Só faltará apenas cumprir um sonho para ele e para todos nós... o mundial!


TERÇA-FEIRA
Veloso e o desemprego...
... o real reflexo do país. A verdade é que a imagem que tivémos na segunda-feira, a imagem de sucesso do Cristiano Ronaldo é apenas a execpção à regra no nosso país. Tal imagem acaba por fazer jus ao relatório que saiu durante esta semana e que transmite que 1% da população mundial tem tanta ou mais riqueza acomulada que cerca de 65% dessa população. A regra no mundo quotidiano e no futebol é o que acontece com os jogadores como António Veloso, Fernando Mendes e Jorge Cadete. As opções, as amizades,... enfim, as histórias de vida de cada um acabam por definir um pouco o actual estado das suas vidas. Mas, verdade seja dita: para muito contribui o actual estado da nação!


É preciso uma acção mais concertada do nosso estado no combate ao maior flagelo social, financeiro e de segurança do país: o desemprego! Mas, também não podemos estar todos dependentes do que o estado poderá fazer. Num país que num dia promove o melhor jogador do mundo, noutro pretende atingir o sonho de ser campeão mundial, não pode ter o futebol nacional tão desorganizado como o tem. Ex-jogadores internacionais, muitos com cursos e formações para poder treinar clubes, têm que ser aproveitados! Tal e qual como aconteceu com o futebol alemão na última década e que agora tantos e tão bons frutos lhes têm dado. Olhando para o Benfica, este poderá não dever nada ao Veloso em termos financeiros, mas poderá juntar o útil ao agradável. Porque não lançar um projecto que permitisse colocar em clubes de menor nomeada treinadores competentes para formar melhor os nossos jovens e termos escalões mais altamente nivelados? Ronaldo e Mourinho são o garante de que qualidade não falta em Portugal. E, o quanto esta nação carece de um produto/marca/bem/serviço que possa ser bandeira nacional lá fora...


QUARTA-FEIRA
Rony Lopes e Amaral e a (falta) de planeamento...
... no Benfica. Esta semana foi feita referência a duas entrevistas de dois ex-jogadores do Benfica. Nelas podemos constar a forma como o Benfica (não) planeia o seu departamento de futebol. Amaral, que esteve no Glorioso na década de 90, explicou bem como funcionava o Benfica na altura de Manuel Damásio. Era pois um clube que vivia para o momento. As soluções eram pensadas em cima do joelho e o entra e sai de jogadores era enorme. O ex-internacional canarinho chegou a referir que o Benfica acabou por ir dispensando jogadores de grande qualidade que com alguma paciência e competência teriam vingado no clube, deixando uma crítica para quem pensa que no futebol é chegar e ganhar. Terminou a entrevista a dizer que se fosse hoje teria muito mais hipóteses de ter ficado, olhando para aquilo que ele pensa ser uma estrutura encarnada bem mais organizada.

Mas, será mesmo? É aqui que entra a entrevista do jovem Marcos "Rony" Lopes. O talentoso luso brasileiro foi vendido ainda em idade de júnior para a formação do Manchester City. E, na entrevista não se coibiu de fazer algumas críticas não aos formadores encarnados, mas sim àqueles que são responsáveis por assegurar oportunidades para os miúdos da Luz. Chegamos então à conclusão de que o problema não está no talento e na qualidade dos nossos miúdos. Está sim nas oportunidades. Os miúdos não são parvos e estão atentos ao que vai acontecendo a outros formados recentemente, como são o Miguel Vítor, o Miguel Rosa, o David Simão, o Luís Martins,... Estes poderiam jogar e incorporar o plantel encarnado, mas tiveram que seguir as suas carreiras fora do Glorioso. É, olhando para estes exemplos que Rony, decide facilmente por novas aventuras... estas parecem trazer novas oportunidades de crescimento e de carreira. Isto que sirva de alerta para o Benfica. Se é verdade que os encarnados até fizeram um excelente negócio com o Rony, pois venderam-no ao Manchester City por cerca de 1M€ por um jovem talentoso ainda com tudo para provar, também não é menos verdade que um jogador com o talento destes é daqueles que se deve proteger a todo o custo. No final tudo se resume a negócio ou êxito desportivo... eu acho que se pode ter os dois se formos mais inteligentes na forma como negociamos e planeamos!




QUINTA-FEIRA
Luís Filipe Vieira e o planeamento...
... encarnado ao sabor do vento. Saiu neste dia uma entrevista no âmbito da assinatura de nove novos contratos profissionais com jovens jogadores encarnados. Nela o presidente do Benfica veio desculpar-se da falta da aposta na formação com o sonho da Liga dos Campeões e como agora não é possível - Benfica está fora dessa competição esta temporada - então que poderá voltar-se a debroçar nessa aposta. Em suma, muda-se de projecto assim dá cá aquela palha?! É que se assim for, só vem dar razão ao que foi escrito na quarta-feira... Têm dúvidas? Então leiam:

«Isto (aposta na formação) não foi mais cedo, porque todos temos sonhos. O facto de a Final da Liga dos Campeões ser no Estádio da Luz levou-nos a sonhar, mas infelizmente não conseguimos. Reflectimos e pusemos em marcha o nosso plano. Agora, eles, no dia-a-dia, vão provar se merecem chegar ao topo da pirâmide que é a equipa principal. Nem todos vão chegar, mas a maioria vai.»

«Temos um plantel bastante forte e, como tal, nem todos podem jogar, mas temos pensado, em termos estratégicos, em dar dimensão à Marca Benfica em termos internacionais na formação. Se tivermos essa possibilidade é o que vamos fazer, porque temos uma geração de jogadores que é olhada por todos, principalmente por quem está ligado ao futebol. Queremos voltar às raízes do Benfica que é formar jogadores para a primeira equipa.»


Serei o único a não conseguir acreditar na totalidade destas palavras? Ou seja, serei o único a ficar convencido de que esta opção é mais pelo coro de constestação que se tem feito à volta da política desportiva encarnada do que propriamente um projecto pensado? Será que outros jogadores doutras fornadas recentes do centro de estágio do Seixal, também não teriam a qualidade necessária para entrar no plantel encarnado? Falo de Miguel Vítor? Falo de Miguel Rosa? Falo de David Simão? Falo de Luís Martins? Falo de Danilo Pereira? Falo de Nélson Oliveira? Será que estes também não mereciam oportunidades, bem mais que Felipes Menezes, Alan Kardecs e Sidneis? Ou será que não está a contar a verdadeira história senhor presidente?



SEXTA-FEIRA
As histórias das comissões...
... poderá ser uma das histórias que o nosso presidente Luís Filipe Vieira estará a esconder. Mas, o exemplo do despedimento do presidente Sandro Rosell do Barcelona, após as investigações e o caso muito mal contado da transferência de Neymar do Santos para o Barcelona, poderá abri-nos um pouco os olhos quanto às histórias mirabolantes por detrás destas grandes transferências. Desde esquemas de fuga aos impostos, a esquemas de distribuição de luvas e comissões para enriquecimento rápido à custa da apropriação de capitais dos clubes,... o que não faltará são potenciais esquemas de crimes de colarinho branco. A pergunta que coloco é a seguinte: será que tal também não acontece no Benfica? E, já agora, quem é que poderá fiscalizar isto?

Mudando um pouco o tema, nesse dia Michel Preud'Homme fez aniversário. O ex-guardião das balizas encarnadas na decada de 90 fez 55 anos na passada sexta-feira. Um jogador que ainda hoje deixa-me muitas saudades e um certo amargo de boca, pois nunca foi campeão pelo nosso querido Glorioso. E, isso é algo que gostaria muito de ver acontecer no futuro, pois é uma daquelas personagens à volta do futebol cujos valores morais e humanos estão de mãos dadas aos valores encarnados. Sabendo que hoje em dia é treinador de futebol, e sabendo que ele até é um excelente treinador... quiçá se o seu futuro não passará mesmo pelo regresso à Luz e cumprir a sua missão: ser campeão pelo Benfica? Até lá fica a lembrança das defesas impossíveis e da forma como a bola colava às suas mãos... Ainda hoje, não vejo um único guarda-redes com a sua técnica de defesa. Parabéns campeão!




SÁBADO
Dia de Jogo - Apostar na formação...
... para Benfiquista ver? Depois de toda a campanha de RP que foi protagonizada pela comunicação encarnada para demonstrar aos Benfiquistas que a formação não é algo que esteja a ser descurada, nada melhor que um jogo para poder provar isso com a entrada de nada mais, nada menos que 9 jogadores que passaram directamente pela formação encarnada. Paulo Lopes, Sílvio, André Almeida, André Gomes, Rúben Amorim, Ivan Cavaleiro, Hélder Costa, Bernarndo Silva e Funes Mori. Mas, se contabilizarmos outros dois do outro lado do campo, Luís Martins e Leonardo Pimenta, estavam em campo nada mais, nada menos que 11 jogadores. É certo que Funes Mori, André Almeida e André Gomes serem considerados da formação encarnada, é um pouco abusivo. Mas o que é certo é que por lá passaram, nem que seja por uma época. Perante tantas críticas para a Taça da Liga, eu acho é que esta competição é realmente a ideal para ir dando espaço aos miúdos que despontam nas equipas Bs. É nesta competição que têm oportunidade para jogarem contra as melhores equipas nacionais. Só competindo com estas é que poderão evoluir muito mais. Relativamente ao encontro, gostei muito do Jesus ter dado tempo de jogo a todos os que não estavam a jogar. É assim que se prepara os jogadores para estarem devidamente prontos a serem chamados à equipa principal. Conforme já escrevi no Domingo passado, o Inverno está a ser rigoroso e convém estarmos preparados para todas e quaiquer eventualidades. Foi bom ver jogadores como André Almeida, Sílvio, Steven Vitória, Jardel, Djurici e Sulejmani a terem jogo nas pernas. Foi também bom ver os presentes que Jesus distribuiu a Paulo Lopes, André Gomes, Bernardo Silva, Ivan Cavaleiro, Hélder Costa e Funes Mori. Mas, também gostei muito de ver a equipa sob a batuta de Rúben Amorim. Este tem de ser titular!


Este dia também ficou marcado pelo 10º aniversário do falecimento do glorioso jogador encarnado: o húngaro Miklos Fehér. Já passou uma decada, mas parece que foi ontem que tal aconteceu. Sei que o Benfica retirou a camisola 29 da sua numeração em jeito de homenagem para o húngaro. Contudo, e já que falamos de formação, gostaria que essa camisola fosse dada ao melhor jovem da cantera. Àquele jovem que demonstrasse potencial, mas que também fosse uma aposta clara por parte do treinador e direcção para ser o rosto do futuro do futebol encarnado. Gostava que cada jogador soubesse o quão significante seria vestir aquele número. Gostava que ele sentisse não só a responsabilidade e exigência, mas também sentisse confortável e sob o olhar atento e protector do anjo Miklos que onde quer que estivesse, estaria a olhar por esse jogador. Gostava também que em todos os jogos, o minuto 29º seria de homenagem ao húngaro. Palmas, cânticos,... vocês decidem. Fica aqui a ideia.

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