11 janeiro 2014

Que equipas para o clássico?

Qual será o guarda-redes? Jogar com meio-campo reforçado ou com dois avançados declarados? Será que Gaitán e Rodrigo recuperam para o jogo? E, Cardozo? Será que a viagem à Alemanha surtiu em milagre? Como jogará a equipa portista? São estas e outras questões que procuraremos responder nas próximas linhas...


Qual o onze e estratégia que Paulo Fonseca trará à Luz?
Onze provável do Porto.
Sinceramente, o técnico azul-e-branco deverá continuar a apostar no seu 4-2-3-1 que tem caracterizado nesta temporada. Poderá no decurso do encontro transformar-se mais num 4-3-3 tradicional ou numa espécie de 4-4-2, mas no papel manterá-se aos seus princípios. Em termos estratégicos, o Porto virá à Luz tentar disputar o jogo e procurando ter a bola nos pés. Como tal, deverão entrar muito pressionantes, pois têm consciência das limitações da saída de bola da defesa do Benfica. Depois, qualquer que sejam os elementos que comportem o tridente de meio-campo - quer sejam eles Fernando, Lucho, Defour, Josué, Carlos Eduardo e Herrera - vão entrar muito agressivos e a meter o pé mesmo no limite da legalidade. Destes 6, penso que deverão jogar 4 deles. Fernando e Lucho são titularíssimos. Herrera é o que está em pior forma, por isso ficou fora da convocatória. Sobra-nos Defour, Josué e Carlos Eduardo para duas posições.

Carlos Eduardo é um "10" que tem dado nas vistas nos últimos jogos, mas será que o Paulo Fonseca irá arriscá-lo num jogo frente ao Benfica? Ainda por cima após expulsão frente ao Sporting na Taça da Liga? É bem possível... mas acredito que só entre durante o jogo. Josué é o "jogador-fetiche" de Paulo Fonseca neste Porto. Tendo em conta os onzes e estratégias do seu Porto frente a adversários mais complicados, é bem provável que o jovem internacional português dos "piretes" e das "cuspidelas" seja titular, mas na faixa direita, como uma espécie de falso extremo e 4º médio da equipa. Para dar coesão no centro do meio-campo, o belga Defour é a opção mais concreta, libertando o argentino Lucho para tarefas mais ofensivas. A completar o ataque, Varela e Martinez deverão ser os titulares. No banco, deverão ficar quatro opções calaramente ofensivas (para além de Carlos Eduardo): Ghillas, Licá e os dois extremos de má memória para o Benfica - Kelvin e Quaresma. Sinceramente, não acredito que estes dois sejam opção a titular. Se fossem seria óptimo para o Benfica, pois nem um nem outro têm pulmão para aguentarem 90 minutos de grande intensidade. Penso que serão colocados no decorrer do jogo de forma a mexer com os jogadores do Benfica ao nível anímico e provocatório. Algo que os jogadores encarnados deverão estar prontos para superar. Licá é o terceiro extremo e é o que está em pior momento de forma. Quanto ao argelino Ghillas acredito que só entrará se o Porto estiver a perder e precisar de fazer um "forcing" nos últimos minutos de jogo, ou se o Jackson se lesionar.

Hélton deverá ser o titular, apesar das excelentes prestações do Fabiano nos últimos jogos das taças. Para além disso, o experiente guardião azul-e-branco já tem um historial de boas exibições frente ao Benfica, pelo que quererão utilizar isso em seu belo prazer. À frente do brasileiro, deverá estar um quarteto formado por Danilo e Alex Sandro nas laterais (únicos laterais de raíz convocados para este encontro!) e Otamendi e Mangala no eixo da defesa. Se o Cardozo jogásse, estou convicto que jogaria Maicon, tendo em conta o historial do tipo de adversários que o Porto já teve esta temporada. Salientar a importância gritante na manobra atacante dos dois laterais azuis-e-brancos. Muitas vezes, são estes dois quem conseguem resolver o jogo para o Porto, basta recordarmos como eles venceram o Sporting no Dragão para o campeonato.


O que Jesus tem preparado para este encontro?
Onze provável do Benfica
(caso Gaitán e Rodrigo não recuperem).
São várias as questões que têm estado na ordem do dia sobre que Benfica vai ser apresentado amanhã. A meu ver as principais questões serão respondidas quando soubermos se Gaitán, Rodrigo e até Cardozo recuperarão ou não para o encontro. Sinceramente, tirando a lesão de Cardozo, tenho sérias dúvidas que Gaitán e Rodrigo estejam realmente muito lesionados. Parece-me mais uma espécie de "bluff" que Jesus está a tentar colocar a Paulo Fonseca. Um pouco em jeito de resposta à tentativa agressiva e de intimidação com a convocatória de Quaresma e Kelvin por parte do técnico portista. Sendo assim, e sem respostas, Jorge Jesus poderá apostar tanto no tradicional 4-4-2, como numa espécie de 4-2-3-1 (ou 4-3-3) como já optou noutras ocasiões. Mas, vejamos quais os prós e contras de cada um desses sistemas, face ao adversário em questão.

Jogando no tradicional 4-4-2, no caso de Rodrigo e Gaitán recuperarem das respectivas lesões, tem como principal vantagem o facto de os jogadores já estarem familiarizados com a táctica, assim como todo o trabalho que têm vindo a ter nesse sistema nas últimas semanas. Por outro lado, o jogo frente ao Gil Vicente deu muito boas indicações do grau de entrosamento da equipa, nomeadamente o quarteto ofensivo (formado pelos dois extremos - Markovic e Gaitán preferencialmente - e pelos dois avançados - Lima e Rodrigo). A dupla atacante formada por Lima e Rodrigo até tem sido uma excelente surpresa pela dinâmica que ambos conseguem incutir na equipa. Sendo dois jogadores móveis e com um belo grau de entrosamento (nos últimos encontros têm havido muitas assistências para golo de parte a parte) poderão dar água pela barba aos centrais do Porto, nomeadamente a Otamendi e Mangala que vão jogar a morder os calcanhares dos nossos avanaçados. Por isso mesmo, será muito importante a nossa dupla não jogar encostada nos centrais adversários. Mais, Lima e Rodrigo, poderão trocar facilmente de posições com os extremos Gaitán e Markovic. Da mesma maneira, estes não terão problemas em ocupar posições mais centrais. Sendo assim, consegue-se criar um carrossel nesse quarteto ofensivo que consiga fixar o quarteto defensivo do Porto lá atrás, como criar uma variedade de problemas a eles. Contudo, se frente a um Gil Vicente as coisas parecem estar a funcionar, tal não significa que poderá funcionar frente a um adversário mais forte. Para isso é preciso o treinador encarnado saber medir o grau de conforto e confiança que os jogadores têm nesse modelo. Algo, que eu pessoalmente não tenho completo conhecimento.

Por tudo isso, o 4-2-3-1, aparece como alternativa a ter em conta. É-o muito à custa da identificação desse modelo de jogo pela maioria dos seus jogadores. Trata-se pois de um esquema mais conservativo e rígido, não havendo muitas sobreposições de funções e cada jogador fica confinado a determinado tipo de tarefas. A principal vantagem, é que tal sistema confere uma maior segurança e equilíbrio da equipa (teoricamente). No entanto, perde imenso nos desequilíbrios ofensivos necessários para ultrapassar a defesa adversária, face à proposta anterior. Acredito, que sem Gaitán e Rodrigo a 100%, Jesus não terá outro remédio que apostar neste sistema, utilizando o Rúben Amorim como "10" e Sulejmani como extremo esquerdo/direito, sobrando Lima e Markovic para as outras duas posições ofensivas. Outra hipótese será utilizar o Fejsa para o médio defensivo e libertar o Enzo para essa função de "10", mas pessoalmente prefiro a utilização do português que sempre que joga tem-no feito com grande qualidade. Caso Gaitán e Rodrigo nem sequer façam parte da convocatória, Ivan Cavaleiro e Funes Mori, deverão ser as opções no banco. Para além deles, haverá no banco Djuricic, que pode jogar tanto a avançado, extremo, como número "10", se o Jesus assim o entender.

É importante referir, que o 4-2-3-1 apesar de ser uma solução mais conservadora, poderá atingir um grau de inovação capaz de causar os desequilíbrios necessários na defesa adversária, se soubermos "montar" o quarteto da frente. Por exemplo, jogar com um avançado declarado e outro camuflado na ala, e jogar com um médio "10" mais um extremo/médio-ala mais puro. Se juntarmos a este quarteto, um médio centro que saiba aparecer em zonas mais avançadas e um lateral ofensivo no lado contrário ao do médio-ala puro, consegue-se cobrir quase todas as situações de desequilibrio ofensivo necessárias para a equipa chegar a sair vitoriosa. Mesmo sem Gaitán e Rodrigo, Jorge Jesus poderá conseguir esse 4-2-3-1 "inovador" utilizando o Sulejmani e Markovic como extremos puros (médios ala)/falsos extremos (avançados interiores), com Rúben Amorim e Enzo no corredor central, e ainda com Maxi Pereira e Siqueira, como laterais defensivos/ofensivos.

Estou muito curioso para ver se o excelente trabalho na saída de bola defensiva do Benfica, que Jesus apresentou frente ao Gil Vicente, continuará a ter eficácia neste jogo de grau mais elevado. Gostei imenso da dinâmica que Matic, e mais tarde Fejsa, tiveram nas saídas de bola da defesa. Nesse momento de jogo, os laterais sobem para o meio-campo, como dois médios-alas, os centrais dão largura e o médio defensivo desce para uma posição entre estes dois. Por seu turno o médio "8" e o avançado móvel descem para meio-campo, com os extremos a fugirem para o zonas mais centrais. Frente ao Gil Vicente, o Benfica jogou em 4-4-2, mas penso que não há dificuldade nenhuma em reproduzir este tipo de dinâmicas num 4-2-3-1. Aliás, penso que será mais fácil dado os deslocamentos mais curtos que o "10" terá de desempenhar neste esquema por oposição ao esquema com dois avançados.

Com Enzo e Matic no centro do terreno, com Fejsa no banco para uma eventualidade e com Rúben Amorim mais à frente, como "10", o quarteto defensivo será formado pelo mesmo quarteto que jogou frente ao Gil Vicente, i.e., Luisão e Garay como dupla de centrais e Maxi Pereira e Siqueira como laterais. Jardel e Silvio deverão ser os defesas presentes no banco para alguma eventualidade. Quanto à questão do guarda-redes... penso que é um "fait-diver" da comunicação social. O titular neste momento é o Oblak. Não há razão nenhuma para desfazer e retirar a confiança ao jovem esloveno, quando ele leva três jogos consecutivos sem sofrer golos e exibições consistentes. Agora, é a vez do Artur trabalhar e estar pronto para uma oportunidade e quando ela surgir agarrá-la com unhas e dentes. Até lá... banco de suplentes! Quanto ao avançado paraguaio... Seria muito bom poder contar com Cardozo, mas se o paraguaio não está a 100%, mais vale não jogar e recuperar para não agravar a sua situação clínica. Não jogando, vai fazer falta, mas podemos ver isto pelo lado positivo: o Porto tem estado habituado a jogar connosco tendo o Cardozo lá na frente. Uma estratégia diferente poderá surtir boas surpresas...
Uma coisa é certa, a estratégia da vitória terá de passar sempre por uma estratégia personalizada e controladora da posse de bola, pois é aquela que a equipa está mais identificada nos últimos jogos. Mas, para isso é preciso que todos os seus jogadores entrem em jogo cientes do que lhes espera e do nível que têm de apresentar. O Benfica tem de ser uma equipa muito solidária e muito forte na reacção à perda. É preciso ser agressivo desde o primeiro minuto e ganhar os duelos individuais.

O sector onde vejo maior dificuldade é o defensivo, sobretudo se Martinez descer no terreno para ajudar o tridente de meio-campo do Porto. Aí Garay e Luisão têm de estar no topo do seu jogo, pois terão de acompanhá-lo e procurar antecipar ao avançado portista. Por outro lado, Maxi e Siqueira terão que ser agressivos e concentrados o suficiente para anularem o Varela, Josué, possivelmente Quaresma e Kelvin, e eventualmente, numa ou noutra ocasião o Danilo e Alex Sandro. De qualquer maneira, teoricamente, o Siqueira terá maior liberdade ofensiva, dado trabalho defensivo e ofensivo do Josué naquela posição. Isto é algo que tem de ser devidamente explorado. Já agora, e dada a personalidade do Josué, saber "picá-lo" ao ponto de ele se desconcentrar e perder a razão é algo que parece-me não ser muito difícil de promover... Devemos saber jogar também nesse nível. É importantíssimo que os nossos defesas não deixem os jogadores adversários da linha ofensiva ficarem de frente para eles. Como tal, é necessário elevar muito a intensidade de jogo, ter um nível de agressividade no limiar do legal (eles também vão estar aí) e muita, mas mesmo muita concentração no jogo. Não ir em "sururus" ou pressões. Se acontecer algo de mal com um companheiro provocado pelo adversário, juntarem-se todos e pressionar o adversário e o árbitro para que se faça justiça. Em suma, ganhar cada lance como se fosse o último.

A dinâmica entre Matic-Enzo-Amorim não me preocupa muito, pois já vi que estes três se entendem perfeitamente e estarão bem à altura da intensidade do meio-campo do Porto. Da mesma forma, Oblak quererá manter a baliza encarnada imaculada e estou certo que irá fazer a exibição da vida dele se for solicitado para tal. Sobra-nos três jogadores. Sulejmani e Markovic nas alas, vão ser preponderantes. Primeiro, porque os desequilíbrios ofensivos serão quase sempre iniciados por eles. Segundo, porque os equilíbrios defensivos de anularem os laterais do Porto, também começam por eles. Pressão, pressão, pressão sobre o adversário é tudo o que peço a estes dois e ao Lima. Ao agora luso-brasileiro pede-se capacidade de sacrifício, mas uma atitude defensiva idêntica à que vemos em jogadores como Luis Suarez e Diego Costa, respectivamente no Liverpool e Atlético de Madrid, e evitando ficar encostado aos centrais adversários tentando procurar as diagonais nas costas dos defesas e zonas entre-linhas/meio-campo encarnado.
Rodrigo e Gaitán do lado do Benfica, e Kelvin e Quaresma do lado do Porto, são as
cartas da manga dos seus treinadores para o clássico na Luz.




P.S.: Deparei-me esta madrugada com a seguinte entrevista do Vítor Pereira ao jornal O'Jogo e tomei a liberdade de fazer alguns comentários. Nada do que ele disse surpreendeu-me verdadeiramente, desde as bicadas ao modelo de jogo do Jesus, à ausência de referências ao amigo Proença e à Nossa Senhora de Fátima... Contudo, concordei com muito do que foi escrito.



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